Há coisas que não conseguimos interromper

01:16 Filipe de Fiuza 0 Comments



Há coisas que não conseguimos interromper. Não é possível derrubar o progresso, tal como não é possível desligar a poesia aos homens. Tudo é o mesmo. Sabemos que sim. E havemos todos de morrer entre os progressos dos armamentos, os progressos dos prazeres silenciosos,  os progressos das ilusões progressistas, os progressos das excelsas glórias, progressos, progressos e mais progressos...

Onde está o progresso na poesia do mundo? Onde está a poesia do progresso do mundo? Tudo é o mesmo, tudo está no paraíso.

Havemos todos de morrer porque não conseguimos interromper a morte com a vida, sabemos que não conseguimos, e que não há progresso sem armas, que não há progresso sem prazer, que não há progresso sem ilusão de progresso, que não há progresso sem glória prometida, não há, porque tudo é o mesmo e porque havemos todos de morrer e não progredir nada, desligados do mundo, desligados das coisas do mundo, da poesia do mundo.

Oh homens, acordai e vivei o progresso mais feliz, o paraíso é quando nada morre e na poesia nada morre. Sabemos que sim, que a poesia é a essência do progresso do mundo, tudo o resto é interrompível.

08-11-2013


Filipe de Fiúza

(inédito)

Fotografia de Reda Danaf